“Where you lead, I’ll follow anywhere that you tell me to…”

 

Já faz um tempinho que eu e a Marcela falamos em trazer o blog de volta, mas parece que sempre tinha alguma coisa no caminho – por alguma coisa, eu quero dizer essa vida adulta que nos persegue – e nada de novos posts… Mas hoje é domingo, eu estou de férias e me dei conta de que tudo que a gente precisa fazer é começar… Então, Má, comecei hoje – jogo a bola pra você! 😉

E no meio desse processo de trazer o blog de volta, a maior dúvida era sempre o tema… De vez em quando parecia que eu estava cheia de ideias, mas nada parecia suficiente para um texto, sabe? Achei que as férias me trariam ideias e vontade de escrever, mas a verdade é que as férias me jogaram num buraco negro de Netflix, sofá e Coca-Cola e foi aí que eu me dei conta de que o tema para essa postagem era muito, muito, MUITO óbvio: Gilmore Girls!

Quem me conhece sabe o quanto séries de TV fazem parte da minha vida. Desde que eu passava Plantão Médico na Globo, há cerca de mil anos, que eu comecei a me encantar pelo formato e, desde então, passei a acompanhar diferentes séries, de maneira bastante apaixonada. Faz parte da minha personalidade ser assim, provavelmente, então quando as séries entram na minha vida, elas ENTRAM na minha vida, sabe? E eu me apaixono pelas histórias, pelos personagens e vivo aquelas vidas, mesmo que temporariamente…

Algumas séries, porém, me marcam de maneiras mais permanentes e eu as carrego comigo por diferentes motivos… Tenho Friends tatuado na pele, carrego Dawson’s Creek comigo sempre, mas a verdade é que Gilmore Girls tem um significado maior e mais especial do que qualquer outra coisa que eu tenha acompanhado, e não posso negar isso…

Mas, vamos por partes. Para quem não conhece, Gilmore Girls é basicamente um show sobre relacionamentos familiares. Mães e filhas, principalmente, tentando viver suas vidas, tentando encontrar seus lugares no mundo, sem perder a essência e sem ter que justificar suas escolhas. Em várias entrevistas recentes da criadora, Amy Sherman-Palladino, e das atrizes principais, Lauren Graham, Alexis Bledel e Kelly Bishop, elas comentam sobre como a série é, basicamente, sobre nada. Porque não há grandes acontecimentos, não há mistérios a serem resolvidos, não há assassinatos e explosões e espionagem. Há apenas um grupo de pessoas vivendo vidas relativamente normais – ênfase no relativamente, yes – e é bem isso que acompanhamos…

A força de Gilmore Girls está na escrita e na atuação, sem dúvida nenhuma. Roteiros consistentes e atores que conseguiram dar vida a personagens bastante complexos acabaram criando uma série que é, pra mim, a série com algumas das melhores histórias – e melhores pessoas – que tive o prazer de acompanhar. Eu costumo dizer – e é a mais pura verdade – que não há dia ruim que não fique mais colorido quando se assiste a um episódio de Gilmore Girls. Parece exagerado, mas é verdade. Perdi as contas dos momentos de tristeza que ficaram mais leves e mais fáceis a partir do momento em que eu ia visitar a fictícia Stars Hollow e me envolvia nos dramas da Lorelai, da Rory e de tantos outros personagens que aprendi a amar tão facilmente…

Essa série me ajudou em tantos momentos, que me faltam palavras. Sem contar o fato de que essa série me apresentou àquela que é  minha personagem preferida de todos os tempos (entre todas as séries que já vi, hands down): Lorelai Gilmore. Interpretada pela fantástica Lauren Graham (que nunca foi reconhecida como deveria pela personagem, mas tudo bem), a Lorelai é aquele tipo de mulher forte, decidida, certa e segura, que não perde a fragilidade e não perde a verdade, a essência, sabe? Engravidou cedo e abandonou uma vida de privilégios para que a filha crescesse da melhor maneira possível e cresceu na vida a ponto de tornar-se dona de seu próprio negócio. Criou sua filha, uma rede de apoio formada de amigos e família, teve seu coração partido infinitas vezes, mas seguiu em frente. É o tipo de pessoa que eu imagino que faz parte da minha vida, sim, e é por isso que fujo para Stars Hollow sempre que há algum problema na vida real aqui, porque lá ela – os outros personagens também, mas principalmente ela – me ajuda a superar. Sempre.

Além das histórias e personagens, Gilmore Girls conquistou pelas referências. Desde o primeiro episódio somos bombardeados com referências pop, culturais, literárias, televisivas e cinematográficas e essa é uma das características mais marcantes da série. O engraçado é rever a série anos depois – a primeira temporada foi ao ar em 2000! – e pegar referências que eu não peguei na época, ou rir de referências antigas. Mais engraçado ainda é imaginar as referências que elas fariam hoje em dia – sem contar que é meu sonho ver a Lorelai usando mídias sociais como Snapchat e WhatsApp…

Anyway, olhando tudo separado, não necessariamente é possível entender o apelo da série, mas quando tudo se junta, não sei explicar, é simplesmente fenomenal. E não é aquele tipo de coisa que só fez sentido uma vez na vida e que anos depois você assiste e se pergunta por que amou tanto aquilo… Gilmore Girls me conquista toda vez que eu assisto, é impressionante. Estou, atualmente, fazendo uma maratona na Netflix, e amo como se fosse a primeira vez, sabe? Um dia desses, acabei vendo 13 episódios da série. TREZE, num dia só. Sim, tô de férias, o que torna esse tipo de coisa bem mais fácil, mas 13 episódios é muita coisa – e é o tipo de coisa que acontece porque é uma série “fácil” de acompanhar, deliciosa de assistir, que entretém completamente…

Meu relacionamento com Gilmore Girls é, então, bem simples. É uma série que me acompanha desde o ano 2000 – quando eu tinha meus 16 anos – e me ajudou a aprender inglês, a conhecer aspectos culturais, a rir e a chorar com personagens fictícios. Escrevia fanfiction de GG no passado, o que fez com que meu inglês evoluísse bastante. Não sou jornalista, mas meu trabalho com línguas foi claramente inspirado nessas garotas Gilmore, que sabem usar a linguagem como ninguém mais sabe… E além de tudo isso, essa série me é importante simplesmente porque me deu pessoas. Sim, pessoas.

Esse blog, por exemplo, existe por causa de Gilmore Girls, como já falamos aqui. E eu tenho a impressão de que sempre que volto pra Stars Hollow e me sinto bem, é porque sei que as estou levando comigo. Essas outras quatro pessoas, que entraram na minha vida porque a gente compartilha o mesmo amor por Gilmore Girls, mas que ficaram na minha vida de maneira permanente. Sabe melhor amiga? Aquela pra quem você liga nas horas boas e nas horas ruins e nas horas mais ou menos? Então, as minhas eu costumo dizer que foram presentes da Lorelai e por isso eu serei eternamente grata e é por isso que essa série estará sempre no topo das séries mais importantes na minha vida…

Curioso é que, agora em 2016, nossa amizade faz basicamente 10 anos (uso o termo “basicamente” porque o grupo foi se formando aos poucos) e como “presente” teremos uma minissérie na Netflix… E assim como eu me lembro exatamente de onde eu estava quando soube que a série tinha sido cancelada, eu me lembro exatamente de onde estava quando soube dessa nova série e de como, nas duas ocasiões, eu tinha essas pessoas “perto” – porque ninguém mais além delas entenderia os porquês de tantas sensações. Porque ninguém mais além delas sabe o quanto Gilmore Girls é importante e o que representa nas nossas vidas…

Não sei se é possível recomendar Gilmore Girls para qualquer pessoa – não sei se é qualquer um que vai amar uma série cheia de diálogos rápidos demais, referências sendo distribuídas a torto e a direito e um enredo em que os maiores acontecimentos são beijos, brigas e casamentos. Mas é uma série que mereceria ser assistida por todo mundo, exatamente por isso. Porque é uma série que fala de amor, de família, de amizade, de ambição, de sucesso, de ciúmes e de tristeza. É uma série que tratou de luto, que falou de escolhas, que mostrou o lado bonito e o lado feio das pessoas. É uma série que se completa em si mesma. É uma série que é simples, sem deixar de ser complexa – se é que isso faz sentido.

Então não tinha outra maneira de trazer o blog de volta se não fosse falando do amor que nunca me deixou, mas que está mais forte agora – valeu, Netflix!

E a uma semana do dia do amigo, um pouco depois de finalmente superar uma das maiores tempestades que enfrentei na minha vida, se torna ainda mais importante falar sobre esse assunto e agradecer à Amy e aos atores e, principalmente, às minhas crazy internet people, por terem entrado na minha vida, serem minhas e estarem aqui, sempre!

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